Na madrugada de domingo, dia 22 de janeiro de 2012, às 4h30min, a querida D. Lídia nos deixou.
Minha irmã Nany, que conheceu a D. Lídia no final de 2008, se tornou uma grande amiga dessa senhora, esteve junto com ela durante toda sua luta e estava presente no quarto do Hospital Santa Rita, quando aquele imenso e bondoso coração cessou de pulsar.
Nossa amiga já estava há dois dias dormindo, em virtude das altas dosagens de Morfina que nela estavam sendo administradas, e segundo a médica que estava de plantão naquela madrugada, D. Lídia estava morrendo. Para o óbito ocorrer, era uma questão de horas.
Esse momento tão triste chegou. A Nany segurava a sua mão, molhava seus lábios, sussurrava palavras de esperança e conforto em seus ouvidos, quando D. Lídia suspirou mais fundo e o fim, já esperado, aconteceu.
É muito difícil falarmos sobre a morte, a separação, mas nesse instante, torna-se ainda mais difícil falarmos sobre a D. Lídia. Uma pessoa humilde, forte, de caráter incomparável, grande lutadora, corajosa, querida e entre tantos adjetivos, uma protetora de animais. Uma guerreira, que até pouco tempo antes de dar baixa no hospital de onde ela não retornaria mais, fazia um grande esforço para cozinhar, e dentro de suas limitações físicas, descer as escadas de sua casa para alimentar muitos dos animais que viviam nos arredores e que ainda cruzam famintos dia após dia a rua onde ela morava.
Eu e a Dani fomos visitá-la no hospital, ela perguntava sobre o Lindinho e o Gurizão, os dois cães de rua que ela cuidava e que, para que continuassem vivos e protegidos, tiveram de ser colocados em uma casa de passagem que D. Lídia, com sua pequena aposentadoria, pagava religiosamente.
Agora seu esposo é quem cuida dos animais, e segundo ele, no dia em que nossa querida amiga partiu, seus bichinhos estavam muito agitados, latiam e corriam de um lado para o outro, pressentindo a grande perda que é a perda de uma mãe.
Nós, que a conhecíamos há tão pouco tempo, sofremos sua perda, pois aprendemos a admirá-la e amá-la por tudo aquilo que ela era. D. Lídia não era mais nem menos, melhor ou pior do que demonstrava ser, ela era exatamente aquilo que sempre mostrou e provou ser com suas atitudes, maneira de pensar e agir.
Uma pessoa muito especial, um exemplo de amizade, perseverança, esperança e fé a ser seguido e lembrado por todos aqueles que tiveram a honra e felicidade de conhecê-la.
D. Lídia contou para a minha irmã que com ela aprendeu a ter fé. Então, depois de ter passado por tantas perdas e decepções em sua jornada de vida e, nos últimos tempos, ter de lutar contra um câncer que já havia tomado conta de seu frágil corpo, agora sentia-se mais forte para enfrentar períodos tão difíceis com o tratamento ao qual estava sendo submetida.
Ela sabia que a hora de dormir para não mais acordar se aproximava, e há poucos dias atrás, comentou com a Nany que estava demorando para esse momento chegar. Minha irmã dizia a ela para que não se preocupasse com isso, que tinha que pensar em ficar forte o suficiente para voltar para casa, dizia a ela que Deus é quem sabia de tudo e que é Ele quem determina o final de nossas vidas.
Quando perguntávamos se ela estava sofrendo, D. Lídia dizia “Não, nem um pouquinho”, essas eram suas palavras. D. Lídia aprendeu a olhar, confiar e esperar em Deus e Ele determinou que o tempo havia chegado e disse: “Chega Lídia, agora é o momento de descansares em paz!”.
Sentimos muito não termos realizado seu único desejo a tempo de ela saber: ver os seus dois afilhados, Lindinho e Gurizão, adotados, vivendo juntos e felizes em uma família, aquela família que os amará e os respeitará para sempre. Mas prometemos à D. Lídia que faremos tudo o que for possível para que esse sonho maravilhoso torne-se realidade, e sabemos que ainda existe um pouco de tempo para lutarmos por esse pedido de nossa amiga. Escrevo que ainda existe um pouco de tempo, porque nem eles, os cães, nem nós, viveremos para sempre.
Por isso pedimos que nos ajudem a realizar esse desejo, divulguem esses peludos para adoção, compartilhem essa história com seus amigos e colegas, contribuam para que esse sonhe se torne realidade.
D. Lídia não tinha filhos, na verdade seus filhos eram seus animais, nove ao todo, quatro cães e cinco gatos.
Logo ela brilhará ao lado de Deus, em um lugar perfeito onde não haverá mais doenças, nem dor, sofrimentos e perdas, e onde o amor e a paz reinarão absolutamente para sempre.
Ela nos deixa muitas saudades, e a firme convicção que daqui, dessa vida, nada levaremos no dia em que partirmos. Será uma viagem em que não poderemos levar malas, bens ou riquezas. Então, faça aquilo que tiver que ser feito enquanto há vida. Ame, perdoe, estenda a mão a quem precisar, e se quem precisar da sua mão, do seu socorro, for um animal, socorra-o, e não se envergonhe disso, pois a grande tristeza e vergonha será no momento em que tivermos que colher tudo aquilo que plantamos. Que possamos lembrar disso todos os dias!
Muito obrigada a todos vocês que repassaram esse caso, e principalmente à Nany e ao meu cunhado Gilberto que acompanharam diariamente a D. Lídia em seus últimos meses de vida, estiveram presentes em todos os momentos possíveis no final de vida dessa amada amiga, auxiliando-a em todas as suas necessidades e dificuldades, sendo verdadeiros amigos, e por que não dizer filhos, pois a própria D. Lídia disse antes de morrer “Quantas pessoas são abandonadas por seus filhos no momento em que mais precisam? Deus realmente deve me amar muito, pois quando eu mais precisei, me deu os filhos que eu nunca tive e que estão comigo em todos os momentos.”.
Que Deus abençoe a todos!!
Abraços,
Elisete e Dani.
"Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou." Eclesiastes 3:2 - Bíblia Sagrada
Passando rapidinho para deixar
ResponderExcluirLambeijokas em dose dupla...
Lola e Lucy